IPCA – setembro

IPCA – setembro

IPCA – setembro

09/10/13

Em setembro o IPCA teve variação de 0,35% M/M, em linha com a mediana de projeções do mercado (0,35% M/M) e com a expectativa da SulAmérica Investimentos (0,35% M/M). A inflação acumulada em 12 meses segue caindo, tendo passado de 6,09% A/A em agosto para 5,84% A/A em setembro.

O aumento da taxa mensal de inflação entre agosto e setembro (de 0,24% para 0,35%) decorreu em especial do aumento nas variações dos grupos Transportes (de -0,06% para 0,44%), Alimentação e bebidas (de 0,01% para 0,14%) e Vestuário (de 0,08% para 0,63%). No grupo Transportes cabe destacar o forte aumento do preço de passagem aérea (16%, com impacto de 0,08 pp), que já havia sido captado no IPCA-15. Os preços de combustíveis tiveram variação negativa no mês (gasolina e álcool), porém essa foi compensada pelo fim da contabilização da deflação nos preços de transporte público (ônibus e metrô).

A desagregação do IPCA em 4 grandes grupos (administrados, serviços, alimentação e bebidas e bens industriais) mostra que basicamente toda a desaceleração do IPCA em 12 meses vista nos últimos meses (de 6,70% A/A em jun/13 para 5,84% A/A em set/13) deveu-se aos preços de alimentos, que recuaram de 13,64% para 8,68%.

Dentro desse recuo na variação dos preços de alimentos, cabe destacar que o recuo é mais forte nos preços de alimentos não comercializáveis com o exterior (nontradeables), que estavam muito pressionados no começo do ano devido à questões climáticas. A boa sazonalidade desses preços (deflação maior que 3% nos últimos 3 meses) deve se encerrar em outubro, no entanto. As condições climáticas no Nordeste, em especial, seguem muito ruins e a melhora vista nesse indicador deve diminuir, senão se reverter.

Além disso, houve melhora também nos preços de alimentos comercializáveis entre junho e setembro, só que menos intensa. Essa melhora também deve ser interrompida a partir de outubro, sendo que em setembro já foi possível ver os primeiros aumentos de preços devido ao câmbio e aos preços de commodities (pão francês, devido ao preço do trigo no Brasil). O efeito do câmbio pode não ser tão grande quanto temido em agosto, quando a taxa chegou a R$/US$ 2,40, porém ainda deve ser substancial (pois houve cerca de 10% de depreciação, com a taxa a R$/US$ 2,20 agora).

A inflação de preços administrados também teve uma queda entre junho e setembro na comparação anual, porém bem mais modesta (de 1,78% A/A para 1,12% A/A). Esse nível de inflação de administrados é o mais baixo da série histórica, sendo decorrência da inflação muito baixa no 1º trimestre (-1,08% T/T) e no 3º trimestre (-0,02% T/T). Nesses trimestres o reajuste das tarifas foi negativo ou zero, sendo variações não recorrentes ou sustentáveis no longo prazo. A variação dos preços administrados, mais cedo ou mais tarde, vai ter de voltar a ficar em linha com seus fundamentos, que são mais consistentes com a variação vista no 2º trimestre (1,10% T/T). É bem possível que a inflação de administrados ainda seja usada com princípios eleitorais no ano que vem, porém nos anos seguintes ela muito provavelmente vai ter de ser ainda mais elevada que o usual, para a retirada da defasagem de preços e custos criada recentemente.

A inflação de serviços segue pressionada. Os dados utilizando a metodologia do Banco Central mostram variação de 0,63% M/M e 8,71% A/A, contra 0,60% M/M e 8,58% A/A do mês anterior. Os dados excluindo alimentação fora do domicílio e passagem aérea mostram uma desaceleração na variação mensal (de 0,60% para 0,40%), mas que é devido a efeitos sazonais. A variação A/A desse indicador segue elevada, tendo diminuído em apenas 0,05 pp, de 8,16% para 8,11%.

A inflação de bens industriais permanece elevada no cálculo em 12 meses, em torno de 4,5% A/A. A variação mensal dos preços de bens industriais permaneceu elevada em setembro, em 0,40% M/M, acelerando em relação a agosto (0,28% M/M). É esperado que a inflação de bens industriais permaneça elevada nos próximos meses, à medida que a depreciação cambial mais recente (desde junho) é repassada para esses preços. Esse é um processo longo, que deve fazer esse componente do IPCA ter variação mensal acima de 0,30% M/M por um bom período, mantendo a inflação anual no patamar de 4,5% A/A. É possível que haja algum recuo dessa inflação no ano que vem na comparação em 12 meses, mas isso dependeria muito da taxa de câmbio (que não poderia ultrapassar R$/US$ 2,35) e seria sentido apenas no 2º semestre.

O IPCA de setembro veio em linha com as expectativas. Dados preliminares do começo de outubro mostram uma aceleração na inflação de alimentos na margem, que deve fazer o IPCA de outubro voltar a ficar pressionado, com variação de 0,55% M/M. Com isso, o IPCA em 12 meses deve parar de cair e ficar em torno do patamar de 5,8% até o final do ano.

Topo