Perspectivas da inflação

Perspectivas da inflação

Desinflação mais forte de alimentos, e cortes de preço de combustíveis da Petrobras levam a melhora nas perspectivas da inflação de curtíssimo prazo

A primeira metade de 2022 foi caracterizada por uma sucessão de choques inflacionários distintos. A esperada aceleração da inflação de serviços resultante da reabertura, somou-se o panorama climático complexo – com os impactos na inflação de alimentos, a Guerra Rússia-Ucrânia, e a frustração na velocidade de normalização de cadeias produtivas. Ademais, políticas fiscais que resultaram na sustentação, ou até mesmo, na expansão da demanda agregada diminuíram a velocidade de desinflação. A resultante foi uma inflação recorde no primeiro semestre.

No segundo semestre temos um novo capítulo. O corte de impostos sobre combustíveis e energia elétrica levou a forte deflação de -0.68% em julho. Em agosto, somou-se a diminuição de tributos, a deflação de alimentos in natura (legumes, hortaliças etc.). Assim, projetamos que o IPCA – a ser divulgado na próxima sexta-feira – será -0.35%.

A novidade na margem é a perspectiva de uma nova deflação em setembro. Projetamos -0.06%. O corte do preço da gasolina nas refinarias anunciado pela Petrobras na última semana, se somou a uma melhora de alimentação. Um exemplo é o preço do leite longa vida, que desde o início de agosto apresenta queda de mais de -22%, no atacado,
devolvendo parte relevante da alta observada nos últimos meses. Ademais, destacamos o risco proveniente da regulamentação da retirada da TUSD-TUST da base do ICMS, o que resultaria em nova queda da tarifa de energia elétrica. Essa regulamentação, caso ocorra, tem potencial de retirar mais 20-25bp da nossa projeção do mês.

Esse acúmulo de notícias melhores para a inflação de curtíssimo prazo soma-se à melhora das perspectivas da inflação de bens. O IPA-industrial tem arrefecido. Adicionalmente, observa-se uma melhora nos indicadores acerca das cadeias produtivas. A resultante é a trajetória decadente da projeção de inflação para 2022: revisamos para 6,3%. E dadas as incertezas do cenário, colocamos risco baixista nesse número.

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