PIB – 1º trimestre de 2014

PIB – 1º trimestre de 2014

PIB – 1º trimestre de 2014

O PIB do 1º trimestre no Brasil mostrou crescimento de 0,2% T/T no 1º trimestre, na comparação ajustada por efeitos sazonais, um pouco abaixo da expectativa da SulAmérica Investimentos (0,25% T/T) e em linha com a mediana de projeções do mercado (0,2% T/T).

Houve revisões nos dados passados devido à incorporação da nova metodologia da produção industrial. Essas revisões vieram em linha com as expectativas da SulAmérica Investimentos, mostrando um crescimento maior em 2013 (2,5%, contra os 2,3% inicialmente divulgados), em especial no 1º semestre. O crescimento no 2º semestre de 2013 foi revisto para baixo, em especial no 4º trimestre (de 0,7% T/T para 0,4% T/T). Dessa forma, como dito quando os dados de produção industrial foram divulgados, os dados novos mostram a atividade respondendo de forma mais intensa à política monetária (mais expansionista no final de 2012 e começo de 2013 e menos expansionista no final de 2013 e agora). Esse deve ter sido um dos motivos pelos quais o Copom interrompeu o ciclo de alta de juros, algo que será visto na próxima 5ª feira, na divulgação da ata.

A demanda doméstica enfraqueceu bastante no 1º trimestre, com queda de -0,3% T/T, a primeira queda desde o 3º trimestre de 2011 (quando houve contração de -0,4% T/T). Houve queda no consumo das famílias (de -0,1% T/T, também a primeira contração desde o 3º tri de 2011) e nos investimentos (-2,1% T/T, sendo esse o 3º trimestre consecutivo de queda nos investimentos). O consumo do governo, por outro lado, mostrou expansão de 0,7% T/T, menor que a do trimestre anterior (0,9% T/T). A demanda doméstica era o grande motor do crescimento econômico brasileiro na última década, mas desde 2011 ela mostra sinais de que não consegue crescer da mesma forma que na década anterior. Se crescimento de 7% a 9% faziam a inflação ao consumidor ficar elevada no passado (em 2008 e 2010), hoje em dia um crescimento da demanda interna de 2,9% (como em 2013) é o suficiente para a inflação de nontradeables subir no Brasil, indicando que há também uma queda no produto potencial brasileiro (capacidade de crescer sem pressões inflacionárias).

O acúmulo de estoques foi a principal contribuição para o crescimento do PIB no 1º trimestre (1,2 pp da variação trimestral). Os estoques parecem ter aumentado em alguns setores (como o automobilístico) no 1º trimestre, porém esse não parece ter sido um movimento generalizado. A variação de estoques deve ter uma contribuição mais neutra para o crescimento do PIB nos próximos trimestres.

O crescimento econômico brasileiro em 2014 deve ficar pouco acima de 1,0%, sendo a projeção da SulAmérica Investimentos de 1,3%. No 2º ou 3º trimestre desse ano deve ser vista uma variação negativa do PIB (na comparação T/T dessazonalizada), resultado da fraca produção industrial, do menor crescimento da demanda de consumo das famílias e do fim do processo de acúmulo de estoques (que evitou que o PIB do 1º trimestre fosse negativo). Enquanto o menor crescimento da atividade não se refletir numa maior ociosidade no mercado de trabalho (com as taxas de desemprego ainda atingido novas mínimas), no entanto, esse menor crescimento não deve afetar a inflação tanto quanto normalmente ocorreria.

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