PIB – 2º trimestre de 2013

PIB – 2º trimestre de 2013

PIB – 2º trimestre de 2013

30/08/13

O produto interno bruto (PIB) do 2º trimestre de 2013 no Brasil mostrou crescimento de 1,5% T/T na série dessazonalizada, sendo que era esperado um crescimento de 0,9% T/T. Essa foi a primeira surpresa positiva na divulgação do PIB em 5 trimestres (desde o 4º trimestre de 2011 não havia uma surpresa positiva). O crescimento T/T do 2º trimestre de 2013 também foi o mais elevado desde o 1º trimestre de 2010.

Sob a ótica da oferta, o crescimento no 2º trimestre foi puxado em especial pelo crescimento da indústria (2,0% T/T) e da agropecuária (3,9% T/T). O crescimento da agropecuária foi menor que o visto no trimestre anterior (9,4% T/T), mas ainda foi substancial, sendo afetado pela questão da safra recorde de diversos produtos. O desempenho da indústria já era esperado, tanto devido aos dados de produção industrial mensal quanto pelo desempenho muito ruim da produção industrial no trimestre anterior, em especial a extração mineral. O setor de serviços mostrou crescimento de 0,8% T/T no 2º trimestre, um pouco maior que o visto no 1º trimestre (0,5% T/T).

Sob a ótica da demanda, o crescimento no 2º trimestre decorreu em especial devido ao investimento (variação de 3,6% T/T) e ao setor externo (contribuição de +0,7 pp, contra -1,7 pp no trimestre anterior). O desempenho do investimento já era esperado, devido aos dados sobre produção de bens de capital vistos na série de produção industrial mensal. A surpresa positiva, portanto, decorreu do setor externo, que mostrou variação bem forte nas exportações (+7,0% T/T) e variação fraca das importações (-0,6% T/T).

A demanda interna brasileira (soma de consumo das famílias, consumo do governo e investimento) mostrou variação anualizada de 3,8% no 2º trimestre, número parecido com o visto nos dois trimestres anteriores. Os últimos três trimestres (desde o 4º de 2012) tiveram variação mais forte que a vista nos cinco trimestres anteriores (entre o 3º tri de 2011 e o 3º tri de 2012). Essa variação mais alta é indicativa da recuperação da economia, que começou no final do ano passado e foi ocasionada pela política monetária e fiscal mais expansionista. Entretanto, essa variação mais forte da demanda interna não havia se traduzido em variação mais forte do PIB na comparação T/T devido ao setor externo e aos estoques.

A surpresa positiva em relação à taxa de crescimento não evita que a perspectiva para os próximos trimestres permaneça ruim, em especial para o 3º trimestre de 2013. Boa parte da recuperação da demanda doméstica nos últimos trimestres se deveu ao setor de investimentos, que havia tido um desempenho péssimo em 2012. Isso normalmente seria bom, com um aumento da taxa de investimentos e da taxa de crescimento do PIB potencial (o crescimento não inflacionário). Entretanto, a queda da confiança dos empresários (que se aprofundou depois das manifestações de junho e se recuperou apenas parcialmente desde então) e o ciclo de alta na taxa de juros, além da depreciação cambial (que torna os bens de capital importados mais caros), indicam que a recuperação dos investimentos deve ser interrompida. O aumento da incerteza em relação à política econômica (e à política de forma geral) também devem fazer os empresários aguardarem antes de investir.

O consumo das famílias, que era o motor do crescimento no passado, teve desempenho muito fraco no 2º trimestre (0,3% T/T). Parte disso deve-se à inflação elevada no período, que diminuiu a renda real do consumidor. Como a inflação deve permanecer elevada, e como a taxa de desemprego deve subir mais no futuro (diversos dados do mercado de trabalho já mostram uma piora), o consumo das famílias deve mostrar, no máximo, crescimento modesto. A diminuição da oferta de crédito para os consumidores, em conjunto com o aumento da taxa de juros cobrada deles, também não deve ajudar.

A projeção do PIB para 2013 dos economistas deve subir, mas mais devido ao carregamento estatístico. O carry-over do PIB de 2013 (ou seja, a variação anual caso o crescimento na margem seja zero nos próximos trimestres) é de 2,5%. A maior parte das expectativas de crescimento dos economistas deve ser revista: antes era entre 2,0% e 2,5% para esse ano, agora deve ficar, na maioria, entre 2,5% e 2,7%. A expectativa para o crescimento do PIB deve permanecer ruim quando se olha o crescimento na margem nos próximos trimestres, em especial para 2014. O crescimento em 2015 também não deve ser espetacular, uma vez que se espera algum ajuste na política econômica após as eleições (o mais provável é um retorno à ortodoxia, com aumento do aperto monetário e fiscal; caso o contrário ocorra, o crescimento mesmo assim não deve ser bom, devido à queda na confiança no país e ao aumento do risco soberano).

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