O PIB (produto interno bruto) do Brasil no 3º trimestre teve queda de 1,7% T/T na comparação com ajuste sazonal, mais forte que a expectativa do mercado (-1,2%) e que a projeção da SulAmérica Investimentos (-1,25%).

Houve revisão nos dados anteriores, inclusive nas contas de 2014, mas essas ainda mostram um PIB crescendo 0,1% em relação a 2013 com as mudanças ocorrendo mais na composição do crescimento (mais agropecuária, menos serviços). Em relação aos trimestres imediatamente anteriores, a revisão foi para baixo. O 1º tri de 2015 tem queda de 0,83% T/T, contra -0,75% divulgado anteriormente, enquanto o 2º tri de 2015 tem queda de 2,1% T/T agora, contra -1,9% T/T na divulgação anterior.

A variação de estoques seguiu contribuindo negativamente para o PIB, com contribuição de -0,85 pp para a variação T/T no 3º trimestre (contra -1,08 pp no 2º tri e -0,49 pp no 1º tri). A queda no PIB sem estoques foi menor (-0,9% T/T) do que no trimestre anterior (-1,0% T/T), mas não deve deixar de se mencionar que o PIB sem estoques está em contração já há 06 trimestres consecutivos (com contração total de mais de 3,6% em relação ao 1º tri de 2014).

A demanda interna teve nova contração no 1º trimestre, de -1,6% T/T. Essa queda é menor que a vista nos trimestres anteriores (-2,5% no 2º tri e -2,1% no 1º tri), com a queda no investimento sendo menor (-4,0% T/T contra -6,6% no trimestre anterior), assim como no consumo das famílias (-1,5% T/T contra -2,4%). Por mais que a queda tenha ficado menos intensa, é importante destacar que o tamanho dessas contrações ainda é bem grande para os padrões históricos.

A demanda externa tem ajudado a queda do PIB em 2015 a ser menos intensa, com contribuição positiva nos últimos trimestres. Entretanto, a contribuição da demanda externa para o crescimento T/T no 3º tri foi menor (0,7 pp) do que no 2º tri (1,6 pp) e no 1º tri (1,8 pp). O principal motivo para isso foi a queda nas exportações (-1,8% T/T), uma vez que as importações seguiram com queda considerável (-6,9% T/T).

A revisão para baixo nos dados anteriores e o dado menor que o esperado no 3º trimestre fazem com que o carrego estatístico do PIB fique menor. Agora, mesmo que a variação T/T no 4º trimestre seja de 0%, a queda no PIB de 2015 seria de 3,5%. A expectativa da SulAmérica Investimentos é de que o PIB do 4º trimestre ainda mostre contração significativa, mesmo que não na mesma intensidade que a vista no 2º e 3º trimestres, em torno de -0,9% T/T. Contribuirão para isso eventos como o desastre de Mariana e a paralisação da produção de petróleo devido a greves. Com isso, a projeção para o PIB de 2015 foi reduzida de -3,1% para -3,7%.