Produção Industrial – Novembro/2012

Produção Industrial – Novembro/2012

Produção Industrial – Novembro

04/01/13

A produção industrial brasileira em novembro teve queda de 0,6% M/M, número próximo da projeção da SulAmérica Investimentos (-0,5% M/M) e menos negativo que a mediana de projeções do mercado, de -0,9% M/M. A principio, com essa variação, poderia se imaginar que a produção industrial estaria numa situação melhor que a esperada pela maioria. Entretanto, houve significativa revisão nos dados anteriores, com a variação de outubro diminuindo de +0,9% M/M para +0,1% M/M. Dessa forma, a incipiente recuperação que parecia estar se desenhando desde maio (com alguma volatilidade e acomodações) não parece mais estar ocorrendo.

Outra forma de observar como a produção industrial está com um crescimento muito baixo é através do índice de difusão (que mede quantos setores tiveram alta no mês). Esse índice está abaixo de 50% nos últimos dois meses, sendo que ele ficou acima do patamar de 50% basicamente apenas em agosto, um mês em que houve crescimento considerável da produção industrial. O fato de que esse índice está abaixo de 50% na maior parte do ano de 2012 mostra como a produção industrial teve um desempenho ruim no ano, com contração em relação ao ano anterior (na comparação em 12 meses, essa contração está em 2,5%, um desempenho pior que o do ano de 2011, em que a produção industrial pelo menos ficou estagnada).

Todas as categorias de uso apresentaram contração no mês de novembro, com a maioria tendo recuo de 1,0% M/M, sendo que apenas os bens de consumo não duráveis tiveram um desempenho melhor (contração de -0,1% M/M).

O desempenho do setor de bens de capital tem sido um dos mais preocupantes na indústria como um todo. Parte da queda da produção desse setor em 2012 foi devido à produção de caminhões, que recuou bastante no começo do ano devido à mudanças na legislação e um excesso de estoque. A produção de caminhões desde então tem se recuperado, mesmo que lentamente, com os incentivos fornecidos pelo governo (isenção de impostos, juros baixos, etc). A produção de outros bens de capital, no entanto, tem seguido em queda desde a metade de 2010. Em novembro houve novamente queda na produção desses bens (-2,1% M/M), o que não é bom para o cenário do investimento como um todo. Sem a recuperação no investimento, qualquer recuperação que haja no crescimento da economia será não apenas pequena (uma vez que o investimento é responsável por 18% do PIB, aproximadamente), como causará pressões inflacionárias no futuro, uma vez que a capacidade instalada não estará crescendo para atender a demanda. Nenhuma medida tomada pelo governo até agora (redução de Selic, redução do superávit primário, isenção de impostos, aumento do crédito das instituições oficiais) teve sucesso em reanimar o crescimento do investimento.

A produção industrial em novembro, dessa forma, na verdade foi desapontadora. Os indícios de uma recuperação da atividade que havia nos meses anteriores foram revistos e aparentemente desapareceram. Houve contribuição bastante negativa da extração mineral no número negativo de novembro (-6,7% M/M), porém o desempenho da produção industrial como um todo foi ruim, com o índice de difusão muito baixo e quedas em todas as categorias de uso (além de queda de 0,5% M/M na produção manufatureira, sendo que novembro é o terceiro mês consecutivo de contração nesse setor). Os investimentos não parecem estar reagindo aos estímulos dados pelo governo, impedindo uma recuperação mais sustentada do crescimento.

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