Produção Industrial (Setembro/2020)

A produção industrial brasileira teve crescimento de 2,6% M/M em setembro, menor que o esperado pela SulAmérica Investimentos (2,9%), porém mais alto que a mediana de projeções do mercado (2,4%). Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve alta de 3,4% A/A, a primeira variação positiva nessa comparação desde outubro de 2019. A variação em 12 meses segue negativa, mas diminuindo de -5,7% em agosto para -5,5% em setembro.

Houve revisão para cima nos dados anteriores, com a variação de agosto passando de 3,2% M/M para 3,6% M/M e o nível de agosto sendo 0,5% maior do que previamente divulgado.

A produção industrial em setembro superou levemente o nível de fevereiro em termos dessazonalizados, recuperando-se quase que plenamente dos efeitos da pandemia (alguns setores ainda têm um desempenho pior). O nível de atividade industrial é de 100,2% do visto em fevereiro (chegou a ser de 72,9% em abr/20).

Houve alta em todas as categorias de uso, com destaque para as variações fortes na produção de bens de consumo duráveis (10,7% M/M) e de capital (7,0% M/M). As altas mais fortes em bens duráveis e de capital ocorreram porque eles estão mais atrasados na recuperação, com níveis de 97,2% e 94,5% do patamar pré-pandemia. A produção de bens intermediários cresceu menos (1,3% M/M), mas, por outro lado, o seu nível segue superando o patamar pré-pandemia pelo terceiro mês consecutivo, alcançando 103,7%.

A produção de insumos típicos da construção civil voltou a acelerar, passando de 1,5% M/M em agosto para 3,5% M/M em setembro, e com variação A/A de 10,2%. O nível pré-pandemia está sendo superado em mais de 6% nesse setor.

O 3º trimestre como um todo mostrou variação de +22,3% T/T na produção industrial, contra queda de -17,5% T/T no 2º trimestre e -2,4% T/T no 1º trimestre. Para o 4º trimestre é esperada continuidade no crescimento, mas em taxa menor, em torno de 4,5% T/T.

A recuperação forte da indústria dessa forma prosseguiu em setembro, com a maior parte dos setores apresentando crescimento e muitos superando o nível visto antes da pandemia. Com o nível de estoques baixo na economia como um todo e a demanda ainda aquecida pelos estímulos fiscais, em especial o auxílio emergencial para famílias, a produção industrial deve seguir com crescimento na margem para recompor esses estoques. Dessa forma, a expectativa da SulAmérica Investimentos é de variação de -4,7% para a indústria de forma geral em 2020.