Taxa de Desemprego

Taxa de Desemprego

Taxa de Desemprego

02/05/13

O mercado de trabalho é um dos objetos de maior interesse para um economista e, em especial, para o estudo da macroeconomia. Para estudá-lo os economistas desenvolveram diversos conceitos para entender o que está efetivamente acontecendo nele, se há falta ou sobra de mão de obra e se está ou não difícil de encontrar emprego.

Para analisar o mercado de trabalho, é necessário primeiramente definir qual parte da população pode fazer parte desse mercado. A oferta máxima de pessoas que podem trabalhar numa economia é chamada de PIA (população em idade ativa). No Brasil, nas pesquisas do IBGE, a PIA consiste de toda a população brasileira acima de 10 anos. Essa idade pode parecer muito baixa, mas deve-se ter em mente que apesar de o trabalho infantil ser ilegal no Brasil, ele existe e foi relevante no passado. Na maior parte dos outros países a idade mínima para uma pessoa fazer parte da PIA encontra-se em torno de 15 anos (nos EUA é de 16 anos). O IBGE, assim como os institutos de outros países, divulga os dados de emprego separado por idade, o que permite fazer comparações internacionais, ajustando o cálculo de PIA para cada país.

Nem toda a população em idade ativa faz parte do mercado de trabalho. Para que a pessoa seja medida como fazendo parte do mercado de trabalho na pesquisa do IBGE é necessário que ela tenha procurado emprego pelo menos uma vez nos últimos 30 dias, ou esteja já ocupada. A soma das pessoas nessas duas categorias é chamada de PEA (população economicamente ativa), e é a oferta efetiva de trabalho numa economia. É possível perceber, portanto, que há várias razões para uma pessoa não fazer parte do mercado de trabalho. Uma delas é o estudo. Pessoas que apenas estudam e não procuram emprego não fazem parte do mercado de trabalho. Outra razão é a aposentadoria. Pessoas que são aposentadas e que não mais trabalham (vivendo apenas da renda da aposentadoria) também não fazem parte do mercado de trabalho. Outra razão é o trabalho para autoprodução doméstica. Esse tipo de trabalho não é considerado como ocupação pelo IBGE. Dessa forma, donas de casa não fazem parte do mercado de trabalho, porém empregadas domésticas sim.

A razão entre a PEA e a PIA (PEA/PIA) é chamada de taxa de atividade. É um número que varia entre 0% e 100%, sendo usual que ele fique, no Brasil, em torno de 55%. A taxa de atividade varia entre diferentes grupos demográficos pelas razões mencionadas acima. Assim, pessoas jovens (com idade abaixo de 25 anos) tem uma taxa de atividade baixa, porque muitas delas encontram-se apenas estudando. A taxa de atividade das pessoas entre 10 e 15 anos no Brasil recuou consideravelmente nos últimos 10 anos devido aos programas de transferências de renda, que fizeram muitas famílias colocar seus filhos na escola e não no mercado de trabalho. A taxa de atividade tem seu pico na faixa etária entre 25 e 55 anos no Brasil. Na faixa etária acima dos 55 anos ela diminui, devido ao maior número de aposentados. A taxa de atividade também é maior entre os homens do que entre as mulheres, devido a fatores culturais (o homem costuma trabalhar fora enquanto a mulher cuida dos afazeres domésticos). Essa última diferença, no entanto, tem diminuído ao longo do tempo.

Uma pessoa é dita ocupada na metodologia usada pelo IBGE quando ela exerce atividade profissional (formal ou informal, remunerada ou não) na semana de referência da pesquisa. Essa atividade não precisa ser remunerada em dinheiro e não precisa consistir de 40 horas semanais de trabalho. Apenas uma hora de atividade profissional na semana, por exemplo, faria o entrevistado ser considerado ocupado. As únicas formas de atividade que não entrariam na pesquisa como ocupação são trabalho para ajudar instituições de caridade/religiosas e atividade para autoconsumo doméstico. Uma dona de casa, portanto, não seria considerada ocupada, enquanto uma empregada doméstica que recebesse apenas o alojamento na casa do patrão como remuneração seria considerada ocupada.

A quantidade de pessoas ocupadas na economia (cuja sigla é PO, pessoal ocupado) é medida através de pesquisas feitas pelo IBGE nas principais regiões metropolitanas. Uma vez conhecido esse número, é necessário compará-lo com a oferta de trabalho, para entender se o mercado de trabalho está com pouca ou muita ociosidade. Ao dividir o PO pela PEA (PO/PEA) temos a taxa de ocupação. Ela mede quantas das pessoas que efetivamente procuraram emprego na semana de referência conseguiram estar ocupadas. As pessoas que procuraram emprego, mas não conseguiram ficar ocupadas são chamadas de desempregadas (PD). Ao dividir o número de desempregados pela PEA (PD/PEA) temos a taxa de desemprego, que é igual a 1-taxa de ocupação. Esse é o número mais olhado quando o IBGE ou outro instituto divulga os números do mercado de trabalho.

Vários fatores afetam a taxa de desemprego, fazendo com que a análise dela não seja simples. Uma taxa de desemprego elevada nem sempre está associada com uma recessão, por exemplo. Quando ocorre uma recessão e o emprego está difícil de ser encontrado, é bem possível que muitas pessoas que estavam procurando emprego desistam, devido à dificuldade, e fiquem fora da PEA na medição do IBGE. Essas pessoas são chamadas de desalentados. Elas gostariam de trabalhar (sendo, portanto, diferentes das pessoas que não trabalham por opção, por estar estudando, aposentadas, etc), mas não estão procurando emprego porque não tem esperança de encontrá-lo. Como elas estão fora da PEA, elas não entram no cálculo do desemprego. Dessa forma, a taxa de desemprego pode subestimar o desemprego total da economia numa recessão.

A taxa de desemprego também pode superestimar o desemprego quando a economia está se recuperando. Quando a economia volta a crescer de forma mais forte depois que houve uma recessão, vários dos desalentados podem se sentir mais encorajados e voltar a procurar emprego. Ocorre então um aumento da PEA e isso resulta num aumento da taxa de desemprego.

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