Don’t just stand there, do something! George Soros, regarding the management of funds during his time as a portfolio manager.*

Don’t just stand there, do something! George Soros, regarding the management of funds during his time as a portfolio manager.*

Não fique aí parado, faça alguma coisa!

George Soros, sobre a atividade de gestão de recursos na época em que era administrador de carteiras, escreveu em seu livro que quando seu fundo de investimentos ia mal era o período em que mais trabalhava e no período em que o fundo ia bem ocorria o contrário.

No entanto, o seu trabalho estava muito mais voltado à pesquisa e análise dos mercados do que ao giro propriamente da carteira, isto é, comprar e vender ativos com uma maior frequência.

É esperado dos gestores, em condições normais de mercado, que os fundos atinjam seus objetivos de retornos. No entanto, quando o fundo começa a ir mal, em relação a um índice de referência, a paciência dos investidores reduz e um comentário comum é: gestor, faça alguma coisa!

Muitos gestores, ao sentarem em suas mesas de operações durante o dia todo em frente às telas intermináveis de cotações de ativos, tem uma urgência de realizar trades com maior frequência. De outra maneira, como "justificar" que não estão fazendo nada.

Mas estes traders/gestores, inevitavelmente, incorrem em custos elevados que muitas vezes não ficam transparentes para os investidores dos fundos de investimentos.

Claramente, quantidade, nesta questão, não é sinônimo de qualidade, muito pelo contrário. Estudos acadêmicos de mercados americanos (não há informações ou dados disponíveis sobre o mercado brasileiro) chegaram a conclusões reveladoras, ao analisar os custos de negociação estimados do giro das posições da carteira, associados a fatores indiretos como a diferença entre a oferta de compra e venda e os impactos nos preços dos ativos.

Para fundos de ações do mercado americano, o estudo mostrou que apesar das diferenças em termos de taxa de administração não serem muito discrepantes, ao agregar os custos de tradings, a diferença entre o primeiro e o último quintil de fundos analisados subia para algo em torno de 2%. Este aumento de custo poderia ser compensado se as operações em excesso gerassem também retornos excedentes para o fundo, chamados, no jargão do mercado financeiro, de Alpha. Mas os acadêmicos também revelaram que este não era o caso: quando comparam os retornos dos fundos com suas estimativas de custos de trading, os fundos com maiores custos operacionais tinham os piores retornos. O gap de retorno entre o quintil de maior custo e o quintil de menor custo operacional chegou a 1,8% ao ano.

Recentemente a CVM, órgão regulador do mercado de capitais, no caminho de uma maior transparência da indústria brasileira exigiu que os fundos de investimentos do mercado brasileiro tivessem maior informação (disclosure) dos custos operacionais e indiretos para os investidores, além das taxas de administração e performance, revelando assim custos não muito perceptíveis.

O real trabalho dos gestores está mais associado ao trabalho de bastidores, tais como pesquisa e análises do que propriamente a atividade desenfreada de compra e venda de ativos, gerando apenas mais custos operacionais. Será que não vale a pena, às vezes, falar para o gestor: não faça alguma coisa, fique aí parado!

Redator: Leopoldo Barreto

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